
"A música toca, o vento sopra, o chá borbulha, o cigarro queima.
Preciso do estrago para sentir que há a reparação,
e recomeço, das minhas próprias cinzas, velando minha tristeza,
chacoalhando meu corpo e sentindo a vida me adentrar pelos poros.
É por isso que tenho estômago resmungão e olhos famintos.
Tenho asco da vida tal como ela é. Procuro, arranjo e quero sempre mais.
Meto-me no perigo porque quero a plenitude de toda a miudeza.
Quero ir com a corrente mais leve, mais solta, mais clara.
Ah, como me pesa viver. Já não me suporto mais em nada.
Minha vida é essa: eu tentando me desmistificar a mim."
Tati Bernardi